Om Namah Shivaya!
No post anterior coloquei resumidamente os oito
princípios que sustentam a Raja Yoga, um dos caminhos espirituais para se
chegar a Iluminação, ao divino.
Esses princípios e outros mais, como as qualidades
da mente humana e da Consciência Divina, as características que nos distanciam
da União, a natureza da ilusão material e os meios para chegar a iluminação
estão nesse texto simples, curto e claro.
Trago então os Sutras de Patañjali de uma forma simplificada e retirada desse
link AQUI.
Outra possibilidade de leitura é português está no livro de DeRose:Yoga Sutra de Patañjali
Recomendo, excelente pedida com explicações
dos Sutras profundas e simples, é o livro de Glória Arieira: O Yoga que
Conduz à Plenitude, Os Yoga Sutras de Patañjali
PATANJALI YOGA-SÚTRA [O FIO DA CONJUNÇÃO] link AQUI.
I – A UNIÃO
1. Agora, a instrução da conjunção
[YOGA].
2. YOGA é a restrição [NIRODHA] das
atividades [VRTTI] da mente [CITTA].
3. Então o observador se estabelece em
sua forma própria [SVA-RUPA].
4. Em caso contrário, ele considera as
atividades como sua forma.
5. Há cinco tipos de atividades [VRTTI],
agradáveis ou desagradáveis:
6. Conhecimento, engano, imaginação,
sono, recordação.
7. O conhecimento inclui: percepções,
inferências, testemunho [ou: tradição].
8. O engano é uma concepção falsa que se
estabelece contrariamente à natureza [do seu objeto].
9. A imaginação é uma concepção trazida
por palavras, mas vazia de substância.
10.O sono [NIDRA] é uma atividade [VRTTI]
na qual não há conteúdo.
11. Recordação é a manutenção da
experiência passada.
12.
A restrição [NIRODHA] delas vem pelo esforço [ABHYASA] e pela ausência
de paixão [VAIRAGYAM].
13.O esforço é a dedicação no sentido da
estabilidade.
14.Ela se torna segura através da
dedicação intensa, duradoura e contínua.
15.A ausência de paixão [VAIRAGYAM] é a
certeza de estar livre do desejo de qualquer objeto, visto ou ouvido.
16.Seu nível mais elevado é quando a visão
da Pessoa [PURUSA] elimina o desejo dos poderes [GUNA].
17.Naquele que é cognitivo [SAMPRAJÑATA] ele
adquire a natureza [RÚPA] do raciocínio [VITARKA], da dúvida [VICARA], da
felicidade [ANANDA], do sentido do “eu” [ASMITA].
18.No outro caso, ocorrem apenas os
resíduos do passado [SANSKARA]; surge pelo esforço de interrupção.
19.Isso é atingido pelos sem corpo
[VIDEHA] ou que se dissolveram na natureza [PRAKRTI-LAYA].
20.20. Isso também é obtido pela fé, pela
força, pela recordação [ou tradição], pela União [SAMADHI] e pela sabedoria
[PRAJÑA].
21.Está próximo para aquele que tem um
impulso intenso.
22.Seu tipo é determinado por ele [o
impulso] ser fraco, médio ou forte.
23.E também pela introjeção [PRANIDHANA]
de ÍSVARA.
24.ÍSVARA é uma Pessoa [PURUSHA]
individual que não é atingido pelas fontes de perturbação [KLESÍA], pelas ações
[KARMA] e suas consequências e pelos depósitos [ASAYA].
25.Nele está a perfeição da semente [BIJA]
de toda a sabedoria.
26.. Foi também o mestre [GURU] dos
antigos, pois o tempo não o limita.
27.Ele é chamado pela sílaba sagrada [PRANAVA].
28.Ela deve ser repetida com a
compreensão do seu significado.
29.Daí vem a iluminação do conhecimento
individual, e a remoção dos obstáculos [ANTARAYA].
30.Os obstáculos são essas distrações da mente: doenças, desânimo, indecisão, irregularidade,
interesse pelo mundo, visão errônea, desvio da meta e instabilidade.
31.São acompanhados por sofrimento, nervosismo,
tremor dos membros, irregularidade da inspiração e da expiração.
32.Para removê-los, é preciso dedicar-se
ao princípio único [EKA-TATTVA].
33.A mente [CITTA] se estabiliza pela
disposição a ser
amigo dos alegres,
piedoso para com os
sofredores, alegre com os virtuosos [PUNYA] e indiferente em relação aos maus
[APUNYA].
34.Ou pela expulsão e retenção do alento
vital [PRANA].
35.Ou quando uma atividade [VRTTI] se
concentra em um objeto e estabiliza a mente [MANAS].
36.Ou pelo estado da luz que ultrapassa o
sofrimento.
37.Ou pensando [CITTAM] nos que estão
libertos da paixão [RAGA].
38.Ou pelo conhecimento obtido dos sonos
e dos sonhos.
39.Ou meditando [DHYANA] sobre algo que o
interesse.
40.Assim ele domina desde a menor
partícula até o maior princípio.
41.Quando as atividades [VRTTI] foram
controladas, resulta o encontro [SAMAPATTI]: a mente [MANAS] transmite como um
cristal puro a natureza daquele que percebe [GRAHITR], do ato de perceber
[GRAHANA] e daquilo que é percebido [GRAHYA].
42.O encontro [SAMAPATTI] é acompanhado
pelo raciocínio [SAVITARKA] quando ele se baseia nas palavras, nos
significados, nos conhecimentos e suas relações.
43.Ele está além do raciocínio [NIRVITARKA]
quando a memória se purificou e [a mente] brilha como a própria natureza vazia
do objeto.
44.Existem ainda os [encontros] reflexivo
[SAVICARA] e não-reflexivo [NIRVICARA], refletindo a matéria sutil [SÚKMA].
45.Quando o sutil é ultrapassado,
atinge-se aquilo que não tem sinais distintivos [A-LINGA].
46.Estes são as Uniões [SAMADHI] com
semente [SABIJA].
47.Pelo não-reflexivo [NIRVICARA]
atinge-se o Eu Supremo [ADHYATMA].
48.Nesse estado, o conhecimento traz a
verdade.
49.Obtêm-se conhecimentos determinados, diferentes
daquilo que foi recebido [SRUTA] ou inferido.
50.Os resíduos desse estado dominam os
resíduos do passado [SANSKARA].
51.Quando mesmo isso foi restringido,
resulta a restrição total [SARVA-NIRODHA], e a União sem semente [NIRBIJA SAMADHI].
TI
PATAÑJALI-VIRACITE YOGA-SÚTRE PRATHAMAHSAMSDHI-PADAH
II – A
PROCURA
O YOGA
ativo [KRIYA-YOGA] inclui o ascetismo [TAPAS], o estudo próprio [SVADHYAYA] e a
introjeção de ÍSVARA [ÍSVARA -PRANIDHANA].
2. Tem
a finalidade de reduzir as fontes de perturbações [KLESA] e de facilitar a
União[SAMADHI].
3. As
perturbações [KLESA] são cinco: ignorância [AVIDYA], individualismo [ASMITA],
paixão [RAGA], aversão [DVESA], apego [ABHINIVESA].
4. A
ignorância é o campo de onde brotam todas as outras, sejam elas latentes ou
vivas, bloqueadas ou vigorosas.
5. A
ignorância é confundir o eterno e o impermanente, o puro e o impuro, o
agradável e o desagradável, o Eu e o não-Eu.
6. O individualismo
[ASMITA] é a identificação entre aquele que observa [DRK] e o poder da visão
[DARSANA].
7. A
paixão [RAGA] se baseia no aprisionamento ao prazer.
8. A
aversão [DVESA] se baseia na fuga à dor.
9. O
apego [ABHINIVESA] se baseia no desejo de viver, que flui por si mesmo e que
está enraizado mesmo nas pessoas instruídas.
10. Quando
sutis [SÚKSMA], [as perturbações] podem ser superadas pelo movimento oposto [PRATIPRASAVA].
11. As
ativas podem ser superadas pela meditação.
12. A
raiz do KARMA está nessas perturbações [KLESÍA] e produz nascimentos visíveis e
invisíveis.
13. Enquanto existir essa
raiz, haverá desfrute de nascimentos, vidas, experiências.
14.Isso
resulta em alegria ou dor, conforme causado por virtude [PUNYA] ou demérito [APUNYA].
15. Para
aquele que distingue, tudo é apenas sofrimento [DUHKHAM EVA SARVAM], pois as transformações
dos GUNAS produzem sofrimentos, resíduos e mudanças.
16. O
sofrimento futuro pode ser superado.
17. A
causa do que deve ser evitado é a fusão [SAMYOGA] entre o observador [DRASTR] e
a visão [DRÍSYA].
18. A
visão [DRASTR] existe para ter vivência da luz [PRAKASA], da atividade [KRIYA],
da inércia [STHITI], dos objetos, dos órgãos, do Eu [ATMA].
19. Os
GUNAs apresentam-se determinados ou indeterminados, dotados de características
e sem características.
20.
Embora puro, o observador é tingido por aquilo que ele observa.
21. O
objetivo daquilo que é observado é apenas o benefício do Eu [ATMA].
22.
Embora isso tenha cessado para aquele que atingiu a meta, não desaparece, pois
é comum aos outros.
23.
Ele próprio e o seu poder estão fundidos [SAMYOGA] para que se manifeste a
natureza própria de cada um.
24. A
causa disso é a ignorância.
25.
Sem isso, não há fusão [SAMYOGA], e o observador atinge a independência [KAIVALYA].
26. A
distinção incessante rompe a ligação, e ele se separa.
27.
Então surge, no último estágio, o conhecimento de sete faces.
[1 –
sabe-se do que fugir, ou seja, do sofrimento futuro; 2 – as causas do
sofrimento e do aprisionamento foram cortadas; 3 – percebeu-se diretamente, por
SAMADHI, esse rompimento; 4 –o conhecimento discriminativo foi cultivado; 5 –
caiu a autoridade da mente inferior e estabeleceu-se o predomínio da mente
superior, BUDDHI; 6 – os GUNAs se equilibram; 7 – o Eu se isolou e ilumina-se a
si próprio.]
28.
Pela prática dos membros do YOGA [YOGANGA] elimina-se a impureza e obtém-se o
brilho do conhecimento discriminativo.
29.
Esses oito membros são: as abstenções [YAMA], as obrigações [NIYAMA], as
posturas [ASANA], o controle da respiração [PRANAYAMA], a inversão dos sentidos
[PRATYAHARA], a concentração [DHARANA], a meditação [DHYANA] e a União [SAMADHI].
30. As
abstenções [YAMA] são: não ferir [AHIMSA], ser verdadeiro [SATYA], não roubar [ASTEYA],
não ser sensual [BRAHMACARYA], só ter o necessário [APARIGRAHA].
31.
Este é o grande voto [MAHAVRATA], que se aplica a todos os seres, sem distinções
de nascimento, lugar, tempo ou circunstâncias.
32. As
obrigações [NIYAMA] são: a pureza [SAUCA], o contentamento [SAMTOSA], o
ascetismo [TAPAH], o estudo próprio [SVADHYAYA] e a introjeção [PRANIDHANA] de
ISVARA.
33.
Para repelir considerações erradas, reflita sobre os opostos.
34.
Considerar uma violência [HIMSA], seja ela realizada, estimulada, concebida ou
aprovada, seja proveniente da cobiça, cólera ou desejo, seja ela fraca, média
ou forte, leva a sofrimento, ignorância e traz erros sem fim. Isso é refletir
sobre os opostos.
35.
Aquele que se estabeleceu na não-violência afasta toda a animosidade por sua
presença.
36.
Quando a veracidade se estabelece, ele controla as ações e consequências.
37.
Quando o não-roubar está estabelecido, todas as riquezas se tornam acessíveis.
38.
Quando se estabelece a não-sensualidade, obtém-se a energia.
39.
Quando se estabelece só ter o necessário, surge a percepção das fontes de
nascimento.
40.
Pela pureza vem a proteção de seus próprios membros e o afastamento dos outros.
41.
Por esta prática obtém-se também a pureza de SATTVA, contentamento da mente,
atenção concentrada, domínio dos órgãos e a faculdade de observar o Eu [ATMA-DARSANA].
42.
Pelo contentamento [SANTOSA] obtém-se a forma mais elevada de felicidade.
43.
Pelo ascetismo [TAPAS] obtém-se a eliminação da impureza e a perfeição [SIDDHI]
do corpo e dos órgãos.
44.
Pelo estudo próprio [SVADHYAYA] surge a fusão [SAMPRAYOGA] com a divindade escolhida
[ISTA-DEVATA].
45. A
perfeição da União resulta da introjeção [PRANIDHANA] de ÍSVARA.
46. A
postura [ASANA] deve ser estável e confortável.
47.
Pela renúncia a todo esforço e pelo encontro [SAMAPATTI] com o infinito
[ANANTA].
48.
Assim a dualidade [DVANDVA] não produz dificuldades.
49.
Depois, deve-se cortar a inspiração da expiração pelo controle do PRANA.
50. A
atividade [VRTTI] é controlada dentro e fora, determinada em relação ao lugar,
ao tempo e ao número, alongada e sutil.
51. O
quarto processo transcende o interior e o exterior.
52.
Daí vem o desaparecimento daquilo que recobre a luz.
53. A
mente [MANAS] se unifica pela concentração [DHARANA].
54. A
inversão dos sentidos [PRATYAHARA] é a separação da mente [CITTA] de seus
objetos externos e a simulação dos órgãos pelo seu próprio poder.
55.
Disso resulta o controle total dos órgãos.
ITI
PATAÑJALI-VIRACITE YOGA-SÚTRE DVITIYAH SADHANA-PADAH
III –
AS MANIFESTAÇÕES
1. A
concentração [DHARANA] é prender a consciência [CITTA] em um lugar.
2.
Quando ela se mantém em uma única direção [EKA-TANATA], chega-se à meditação [DHYANA].
3. A
União [SAMADHI] é quando subsiste apenas o significado, e o vazio de sua
natureza própria brilha por si.
4. Os
três unidos constituem o domínio [SAMYAMA].
5.
Disso brota a sabedoria [PRAJÑA] que transcende o mundo.
6. Ela
se estabelece gradativamente.
7.
Esses são três membros internos [ANTARANGAM] em relação aos anteriores.
8.
Mesmo esses são membros externos [BAHIRANGA] em relação ao sem semente.
9. A
restrição [NIRODHA] se torna mais elevada quando há um gradativo
desaparecimento dos resíduos do passado [SAMSKA
RA] e
o surgimento de um hábito de restrição da mente.
10. Então
os resíduos do passado [SAMSKARA] não impedem um fluxo harmonioso.
11. A
União [SAMADHI] se estabelece quando a dispersão diminui e a atenção [CITTA] se
concentra em um ponto [EKAGRATA] no significado total [SARVARTHA].
12. A
fixação da atenção em um ponto se estabelece quando a atitude é indiferente e
imutável.
13. As
substâncias, as transformações, as propriedades dos objetos e dos órgãos podem
ser experimentadas de forma semelhante.
14. E
a substância da lei [DHARMA] latente, manifesta ou futura.
15. A
causa das transformações e diferenciações é a mudança por sucessão.
16.
Pelo domínio [SAMYAMA] sobre a tripla transformação obtém-se o conhecimento do
passado e do futuro.
17. Há
uma confusão de palavras, de objetivos e de significados pela sua superposição.
Pelo domínio [SAMYAMA] sobre suas distinções, pode-se conhecer os sons de todas
as criaturas.
18.
Pela percepção direta dos resíduos [SAMSKARA] obtém-se o conhecimento de vidas anteriores.
19.
Pelo interior, obtém-se o conhecimento da mente alheia.
20.
Obtém-se um conhecimento direto, pelo interior dos objetos.
21.
Praticando o domínio [SAMYAMA] sobre a forma do corpo, separa-se a luz dos olhos,
e há suspensão de sua visibilidade para os outros.
22.
Pode-se também fazer desaparecer os sons.
23.
Praticando o domínio [SAMYAMA] sobre o KARMA ativo ou latente, vem o conhecimento
da morte ou de seus presságios.
24.
Sobre a amizade e das outras, obtém-se forças.
25.
Sobre os fortes, a força de um elefante e outras.
26.
Sobre a luz interna, o conhecimento do sutil, do oculto e do distante.
27.
Praticando o domínio [SAMYAMA] sobre o Sol, o conhecimento dos mundos.
28.
Sobre a Lua, o conhecimento das multidões de estrelas.
29.
Sobre a estrela polar, o conhecimento de todos os seus movimentos.
30.
Sobre a roda do umbigo [NABHI-CAKRA], o conhecimento do corpo.
31.
Sobre a garganta, a cessação da fome e da sede.
32.
Sobre o tubo da tartaruga [KÚRMA-NADI], a firmeza.
33.
Sobre a luz da cabeça, a visão dos perfeitos [SIDDHA].
34.
Sobre a inteligência, tudo.
35.
Sobre o coração [HRDAYA], a compreensão da mente [CITTA].
36.
Embora a Pessoa [PURUSA] e a luz [SATTVA] não se misturem, a experiência é o
resultado de sua reunião, pois existe para o seu benefício. Do domínio [SAMYAMA]
sobre si próprio vem o conhecimento de PURUSA.
37.
Disso vêm uma inteligência, uma audição, um tato, uma visão, um olfato e um
paladar superiores.
38.
Esses poderes [SIDDHI] são prejudiciais à União [SAMADHI] em uma pessoa difusa.
39.
Pode-se entrar no corpo de um outro quando há um afrouxamento das ligações e
também o conhecimento da estrutura da mente [CITTA].
40.
Pelo alento ascendente [UDANA] vem a libertação do contato com a água, da lama,
dos espinhos e outros, e também o poder de levitação.
41.
Pelo alento unificador [SAMANA], vem a proteção.
42.
Praticando o domínio [SAMYAMA] sobre as ligações entre a audição e o éter [AKASA]
vem a audição divina.
43.
Praticando o domínio [SAYAMA] sobre as ligações entre o corpo e o espaço [AKASA],
e pela identificação com a leveza do algodão, vem o poder de se mover pelo
espaço.
44. A
atividade [VRTTI] externa sem pensamento é a grande saída do corpo [MAHA-VIDEHA].
Por ela, afasta-se aquilo que recobre a luz.
45.
Praticando o domínio [SAMYAMA] sobre os estados [da matéria], suas características,
suas formas mais sutis, suas conexões e suas funções, vem o poder sobre os
elementos.
46.
Daí vem o poder de adquirir qualquer forma, grande ou pequena, e uma estrutura
indestrutível.
47. A
perfeição do corpo é: beleza, graciosidade, força e resistência como a de um
diamante.
48. O
controle dos órgãos vem pelo domínio [SAMYAMA] sobre suas funções, suas
características, sua individualidade, suas conexões e finalidades.
49.
Daí vêm a rapidez da mente, a faculdade de sentir sem órgãos, e o controle das
substâncias.
50.
Aquele que captou a diferença entre SATTVA e PURUSA, possui poder sobre todos
os campos de existência, e um conhecimento de tudo.
51.
Renunciando mesmo a isso, a semente da escravidão é destruída e vem a
libertação.
52. Se
surgir um convite de seres espirituais, evite o orgulhe e o apego, pois isso é
uma conexão com o indesejável.
53. Do
domínio [SAMYAMA] sobre os momentos e sua sequência vem o conhecimento discriminativo.
54.
Daí provém a capacidade de distinguir entre duas coisas semelhantes, que não
oferecem diferença de categoria, posição e características.
55.
Esse conhecimento discriminativo liberta do tempo, do espaço, da sucessão.
56.
Quando há igualdade de pureza entre SATTVA e PURUSA, há libertação.
ITI
PATAÑJALI-VIRACITE YOGA-SÚTRE TRTIYO VIBHÚTI-PADAH
IV – A
LIBERTAÇÃO
1. As
perfeições [SIDDHI] são obtidas pelo nascimento, por plantas [OSADHI], por
MANTRA, pelo ascetismo [TAPAS] e pelo SAMADHI.
2. A
transformação em uma nova forma de vida é efetuada por um afluxo da natureza
[PRAKRTI].
3. A
causa instrumental [NIMITTA] não dirige a natureza, mas dela provém a seleção
de possibilidades, como faz o cultivador no campo.
4. A
produção da mente [CITTA] vem de sua individualidade [ASMITA].
5. Uma
mente única [CITTA-EKA] produz a variedade de atividades.
6.
Aquilo que se origina da meditação [DHYANA] não deixa traços.
7. O
KARMA de um iogue não é nem branco nem negro [ASUKLA-AKRSNA]. O dos outros é de
três tipos.
8. Daí
surgem as manifestações produzidas pelas tendências [VASANA] acumuladas no
passado.
9. Os
resíduos [SAMSKARA], como a memória, não se apagam, mesmo quando bloqueados
pelo nascimento, pelo lugar e pelo tempo.
10.
Eles não possuem início, pois o desejo de viver é primordial.
11.
Eles desaparecem quando se eliminam as relações entre causa e efeito,
substância e fenômeno.
12. O
passado e o futuro existem em suas formas próprias, pela distinção entre os
caminhos dos deveres [DHARMA].
13.
São manifestos ou sutis, e possuem a essência dos GUNAs.
14.
Embora os princípios [TATTVA] sejam vários, há uma unidade na transformação.
15.
Embora o objeto seja único, diferentes mentes o percebem de modos diversos.
16. Se
um objeto dependesse apenas de uma mente e não fosse conhecido por ela, como
ele poderia existir?
17. Um
objeto pode ser conhecido ou desconhecido pela mente [CITTA], dependendo de ser
colorida por ele.
18. As
atividades da mente [CITTA-VRTTI] são conhecidas pelo seu Senhor, o PURUSA, que
é imutável.
19.
Ela não brilha por si mesma, porque tem a natureza do que é visto.
20.
Ela não pode conhecer ao mesmo tempo a si mesma e a um outro.
21. Se
a mente [CITTA] pudesse se contemplar, haveria uma consciência [BUDDHI] da consciência,
e haveria uma confusão das lembranças.
22. Há
uma consciência de si [SVA-BUDDHI] quando a mente [CITTA] não passa de um lugar
para outro.
23. A
mente [CITTA] reflete aquele que vê e aquilo que é visto, e atinge tudo.
24.
Embora a mente [CITTA] tenha inúmeras tendências [VASANA], ela existe para o
proveito de um outro ao qual está unida.
27.
Nos seus intervalos, ainda aparecem outros conteúdos, devido aos resíduos [SAMSKARA].
28. A
sua eliminação foi descrita com a das outras perturbações [KLESA].
29.
Para aquele que discerne tudo e não é mais perturbado por nenhum interesse,
resta o SAMADHI da nuvem do dever [DHARMA-MEGHA].
30.
Para ele, as fontes de perturbação [KLESA] e o KARMA não agem mais.
31.
Para aquele que se libertou de todas as impurezas e obstáculos, aquilo que pode
ser conhecido se torna insignificante diante do conhecimento infinito.
32. E
assim terminam as transformações dos GUNAs, que realizaram seu propósito.
33.
Por fim, percebe-se as mudanças e a sucessão dos instantes em um momento.
34. Na
libertação [KAIVALYA], os GUNAs retornam à sua origem, já não tendo mais
utilidade para PURUSA. O poder da consciência [CITI-SAKTI] se estabelece na sua
forma própria.
ITI PATAÑJALI-VIRACITE YOGA-SÚTRE CATURTHAH KA
IVALYA-PADAH
ITI PATAÑJALA YOGA-SÚTRANI
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