domingo, 26 de novembro de 2017

Yoga Sutras de Patañjali em Português, pérolas de Iluminação

        Om Namah Shivaya!

         No post anterior coloquei resumidamente os oito princípios que sustentam a Raja Yoga, um dos caminhos espirituais para se chegar a Iluminação, ao divino.

         Esses princípios e outros mais, como as qualidades da mente humana e da Consciência Divina, as características que nos distanciam da União, a natureza da ilusão material e os meios para chegar a iluminação estão nesse texto simples, curto e claro.

        Trago então os Sutras de Patañjali de uma forma simplificada e retirada desse link AQUI.

          Outra possibilidade de leitura é português está no livro de DeRose:Yoga Sutra de Patañjali
 


         Recomendo, excelente pedida com explicações dos Sutras profundas e simples, é o livro de Glória Arieira: O Yoga  que Conduz à Plenitude, Os Yoga Sutras de Patañjali







PATANJALI  YOGA-SÚTRA [O FIO DA CONJUNÇÃO] link AQUI.


I – A UNIÃO


1.   Agora, a instrução da conjunção [YOGA].

2.   YOGA é a restrição [NIRODHA] das atividades [VRTTI] da mente [CITTA].

3.   Então o observador se estabelece em sua forma própria [SVA-RUPA].

4.   Em caso contrário, ele considera as atividades como sua forma. 

5.   Há cinco tipos de atividades [VRTTI], agradáveis ou desagradáveis:
6.   Conhecimento, engano, imaginação, sono, recordação. 

7.   O conhecimento inclui: percepções, inferências, testemunho [ou: tradição]. 

8.   O engano é uma concepção falsa que se estabelece contrariamente à natureza [do seu objeto]. 

9.   A imaginação é uma concepção trazida por palavras, mas vazia de substância.

10.O sono [NIDRA] é uma atividade [VRTTI] na qual não há conteúdo.

11. Recordação é a manutenção da experiência passada.

12.  A restrição [NIRODHA] delas vem pelo esforço [ABHYASA] e pela ausência de paixão [VAIRAGYAM].

13.O esforço é a dedicação no sentido da estabilidade.

14.Ela se torna segura através da dedicação intensa, duradoura e contínua.

15.A ausência de paixão [VAIRAGYAM] é a certeza de estar livre do desejo de qualquer objeto, visto ou ouvido.

16.Seu nível mais elevado é quando a visão da Pessoa [PURUSA] elimina o desejo dos poderes [GUNA].

17.Naquele que é cognitivo [SAMPRAJÑATA] ele adquire a natureza [RÚPA] do raciocínio [VITARKA], da dúvida [VICARA], da felicidade [ANANDA], do sentido do “eu” [ASMITA].

18.No outro caso, ocorrem apenas os resíduos do passado [SANSKARA]; surge pelo esforço de interrupção. 

19.Isso é atingido pelos sem corpo [VIDEHA] ou que se dissolveram na natureza [PRAKRTI-LAYA].

20.20. Isso também é obtido pela fé, pela força, pela recordação [ou tradição], pela União [SAMADHI] e pela sabedoria [PRAJÑA].

21.Está próximo para aquele que tem um impulso intenso.

22.Seu tipo é determinado por ele [o impulso] ser fraco, médio ou forte.

23.E também pela introjeção [PRANIDHANA] de ÍSVARA.

24.ÍSVARA é uma Pessoa [PURUSHA] individual que não é atingido pelas fontes de perturbação [KLESÍA], pelas ações [KARMA] e suas consequências e pelos depósitos [ASAYA].

25.Nele está a perfeição da semente [BIJA] de toda a sabedoria.  

26.. Foi também o mestre [GURU] dos antigos, pois o tempo não o limita.

27.Ele é chamado pela sílaba sagrada [PRANAVA].

28.Ela deve ser repetida com a compreensão do seu significado.

29.Daí vem a iluminação do conhecimento individual, e a remoção dos obstáculos [ANTARAYA].

30.Os obstáculos são essas distrações da mente:  doenças, desânimo, indecisão, irregularidade, interesse pelo mundo, visão errônea, desvio da meta e instabilidade.  

31.São acompanhados por sofrimento, nervosismo, tremor dos membros, irregularidade da inspiração e da expiração.

32.Para removê-los, é preciso dedicar-se ao princípio único [EKA-TATTVA].

33.A mente [CITTA] se estabiliza  pela  disposição  a  ser  amigo  dos  alegres,  piedoso  para  com  os sofredores, alegre com os virtuosos [PUNYA] e indiferente em relação aos maus [APUNYA].

34.Ou pela expulsão e retenção do alento vital [PRANA].

35.Ou quando uma atividade [VRTTI] se concentra em um objeto e estabiliza a mente [MANAS].

36.Ou pelo estado da luz que ultrapassa o sofrimento.

37.Ou pensando [CITTAM] nos que estão libertos da paixão [RAGA].

38.Ou pelo conhecimento obtido dos sonos e dos sonhos.

39.Ou meditando [DHYANA] sobre algo que o interesse.

40.Assim ele domina desde a menor partícula até o maior princípio.

41.Quando as atividades [VRTTI] foram controladas, resulta o encontro [SAMAPATTI]: a mente [MANAS] transmite como um cristal puro a natureza daquele que percebe [GRAHITR], do ato de perceber [GRAHANA] e daquilo que é percebido [GRAHYA].

42.O encontro [SAMAPATTI] é acompanhado pelo raciocínio [SAVITARKA] quando ele se baseia nas palavras, nos significados, nos conhecimentos e suas relações.

43.Ele está além do raciocínio [NIRVITARKA] quando a memória se purificou e [a mente] brilha como a própria natureza vazia do objeto.

44.Existem ainda os [encontros] reflexivo [SAVICARA] e não-reflexivo [NIRVICARA], refletindo a matéria sutil [SÚKMA].

45.Quando o sutil é ultrapassado, atinge-se aquilo que não tem sinais distintivos [A-LINGA].

46.Estes são as Uniões [SAMADHI] com semente [SABIJA].

47.Pelo não-reflexivo [NIRVICARA] atinge-se o Eu Supremo [ADHYATMA].

48.Nesse estado, o conhecimento traz a verdade.

49.Obtêm-se conhecimentos determinados, diferentes daquilo que foi recebido [SRUTA] ou inferido.

50.Os resíduos desse estado dominam os resíduos do passado [SANSKARA].

51.Quando mesmo isso foi restringido, resulta a restrição total [SARVA-NIRODHA], e a União sem semente [NIRBIJA SAMADHI].


TI PATAÑJALI-VIRACITE YOGA-SÚTRE PRATHAMAHSAMSDHI-PADAH





                                           II – A PROCURA



O YOGA ativo [KRIYA-YOGA] inclui o ascetismo [TAPAS], o estudo próprio [SVADHYAYA] e a introjeção de ÍSVARA [ÍSVARA -PRANIDHANA].
2. Tem a finalidade de reduzir as fontes de perturbações [KLESA] e de facilitar a União[SAMADHI].

3. As perturbações [KLESA] são cinco: ignorância [AVIDYA], individualismo [ASMITA], paixão [RAGA], aversão [DVESA], apego [ABHINIVESA].

4. A ignorância é o campo de onde brotam todas as outras, sejam elas latentes ou vivas, bloqueadas ou vigorosas.

5. A ignorância é confundir o eterno e o impermanente, o puro e o impuro, o agradável e o desagradável, o Eu e o não-Eu.

6. O individualismo [ASMITA] é a identificação entre aquele que observa [DRK] e o poder da visão [DARSANA].

7. A paixão [RAGA] se baseia no aprisionamento ao prazer.

8. A aversão [DVESA] se baseia na fuga à dor.

9. O apego [ABHINIVESA] se baseia no desejo de viver, que flui por si mesmo e que está enraizado mesmo nas pessoas instruídas.
10. Quando sutis [SÚKSMA], [as perturbações] podem ser superadas pelo movimento oposto [PRATIPRASAVA].

11. As ativas podem ser superadas pela meditação.

12. A raiz do KARMA está nessas perturbações [KLESÍA] e produz nascimentos visíveis e invisíveis.

13. Enquanto existir essa raiz, haverá desfrute de nascimentos, vidas, experiências.

14.Isso resulta em alegria ou dor, conforme causado por virtude [PUNYA] ou demérito [APUNYA].
15. Para aquele que distingue, tudo é apenas sofrimento [DUHKHAM EVA SARVAM], pois as transformações dos GUNAS produzem sofrimentos, resíduos e mudanças.

16. O sofrimento futuro pode ser superado.

17. A causa do que deve ser evitado é a fusão [SAMYOGA] entre o observador [DRASTR] e a visão [DRÍSYA].

18. A visão [DRASTR] existe para ter vivência da luz [PRAKASA], da atividade [KRIYA], da inércia [STHITI], dos objetos, dos órgãos, do Eu [ATMA].

19. Os GUNAs apresentam-se determinados ou indeterminados, dotados de características e sem características.
20. Embora puro, o observador é tingido por aquilo que ele observa.

21. O objetivo daquilo que é observado é apenas o benefício do Eu [ATMA].

22. Embora isso tenha cessado para aquele que atingiu a meta, não desaparece, pois é comum aos outros.

23. Ele próprio e o seu poder estão fundidos [SAMYOGA] para que se manifeste a natureza própria de cada um.

24. A causa disso é a ignorância.

25. Sem isso, não há fusão [SAMYOGA], e o observador atinge a independência [KAIVALYA].

26. A distinção incessante rompe a ligação, e ele se separa.

27. Então surge, no último estágio, o conhecimento de sete faces.
[1 – sabe-se do que fugir, ou seja, do sofrimento futuro; 2 – as causas do sofrimento e do aprisionamento foram cortadas; 3 – percebeu-se diretamente, por SAMADHI, esse rompimento; 4 –o conhecimento discriminativo foi cultivado; 5 – caiu a autoridade da mente inferior e estabeleceu-se o predomínio da mente superior, BUDDHI; 6 – os GUNAs se equilibram; 7 – o Eu se isolou e ilumina-se a si próprio.]

28. Pela prática dos membros do YOGA [YOGANGA] elimina-se a impureza e obtém-se o brilho do conhecimento discriminativo.

29. Esses oito membros são: as abstenções [YAMA], as obrigações [NIYAMA], as posturas [ASANA], o controle da respiração [PRANAYAMA], a inversão dos sentidos [PRATYAHARA], a concentração [DHARANA], a meditação [DHYANA] e a União [SAMADHI].

30. As abstenções [YAMA] são: não ferir [AHIMSA], ser verdadeiro [SATYA], não roubar [ASTEYA], não ser sensual [BRAHMACARYA], só ter o necessário [APARIGRAHA].

31. Este é o grande voto [MAHAVRATA], que se aplica a todos os seres, sem distinções de nascimento, lugar, tempo ou circunstâncias.

32. As obrigações [NIYAMA] são: a pureza [SAUCA], o contentamento [SAMTOSA], o ascetismo [TAPAH], o estudo próprio [SVADHYAYA] e a introjeção [PRANIDHANA] de ISVARA.

33. Para repelir considerações erradas, reflita sobre os opostos.

34. Considerar uma violência [HIMSA], seja ela realizada, estimulada, concebida ou aprovada, seja proveniente da cobiça, cólera ou desejo, seja ela fraca, média ou forte, leva a sofrimento, ignorância e traz erros sem fim. Isso é refletir sobre os opostos.

35. Aquele que se estabeleceu na não-violência afasta toda a animosidade por sua presença.

36. Quando a veracidade se estabelece, ele controla as ações e consequências.

37. Quando o não-roubar está estabelecido, todas as riquezas se tornam acessíveis.

38. Quando se estabelece a não-sensualidade, obtém-se a energia.

39. Quando se estabelece só ter o necessário, surge a percepção das fontes de nascimento.

40. Pela pureza vem a proteção de seus próprios membros e o afastamento dos outros.

41. Por esta prática obtém-se também a pureza de SATTVA, contentamento da mente, atenção concentrada, domínio dos órgãos e a faculdade de observar o Eu [ATMA-DARSANA].

42. Pelo contentamento [SANTOSA] obtém-se a forma mais elevada de felicidade.

43. Pelo ascetismo [TAPAS] obtém-se a eliminação da impureza e a perfeição [SIDDHI] do corpo e dos órgãos.

44. Pelo estudo próprio [SVADHYAYA] surge a fusão [SAMPRAYOGA] com a divindade escolhida [ISTA-DEVATA].

45. A perfeição da União resulta da introjeção [PRANIDHANA] de ÍSVARA.

46. A postura [ASANA] deve ser estável e confortável.

47. Pela renúncia a todo esforço e pelo encontro [SAMAPATTI] com o infinito [ANANTA].

48. Assim a dualidade [DVANDVA] não produz dificuldades.
49. Depois, deve-se cortar a inspiração da expiração pelo controle do PRANA.

50. A atividade [VRTTI] é controlada dentro e fora, determinada em relação ao lugar, ao tempo e ao número, alongada e sutil.

51. O quarto processo transcende o interior e o exterior.

52. Daí vem o desaparecimento daquilo que recobre a luz.

53. A mente [MANAS] se unifica pela concentração [DHARANA].

54. A inversão dos sentidos [PRATYAHARA] é a separação da mente [CITTA] de seus objetos externos e a simulação dos órgãos pelo seu próprio poder.

55. Disso resulta o controle total dos órgãos.


ITI PATAÑJALI-VIRACITE YOGA-SÚTRE DVITIYAH SADHANA-PADAH
 





III – AS MANIFESTAÇÕES

1. A concentração [DHARANA] é prender a consciência [CITTA] em um lugar.

2. Quando ela se mantém em uma única direção [EKA-TANATA], chega-se à meditação [DHYANA].

3. A União [SAMADHI] é quando subsiste apenas o significado, e o vazio de sua natureza própria brilha por si.

4. Os três unidos constituem o domínio [SAMYAMA].

5. Disso brota a sabedoria [PRAJÑA] que transcende o mundo.

6. Ela se estabelece gradativamente.

7. Esses são três membros internos [ANTARANGAM] em relação aos anteriores.

8. Mesmo esses são membros externos [BAHIRANGA] em relação ao sem semente.

9. A restrição [NIRODHA] se torna mais elevada quando há um gradativo desaparecimento dos resíduos do passado [SAMSKA
RA] e o surgimento de um hábito de restrição da mente.

10. Então os resíduos do passado [SAMSKARA] não impedem um fluxo harmonioso.

11. A União [SAMADHI] se estabelece quando a dispersão diminui e a atenção [CITTA] se concentra em um ponto [EKAGRATA] no significado total [SARVARTHA].

12. A fixação da atenção em um ponto se estabelece quando a atitude é indiferente e imutável.

13. As substâncias, as transformações, as propriedades dos objetos e dos órgãos podem ser experimentadas de forma semelhante.
14. E a substância da lei [DHARMA] latente, manifesta ou futura.

15. A causa das transformações e diferenciações é a mudança por sucessão.

16. Pelo domínio [SAMYAMA] sobre a tripla transformação obtém-se o conhecimento do passado e do futuro.

17. Há uma confusão de palavras, de objetivos e de significados pela sua superposição. Pelo domínio [SAMYAMA] sobre suas distinções, pode-se conhecer os sons de todas as criaturas.

18. Pela percepção direta dos resíduos [SAMSKARA] obtém-se o conhecimento de vidas anteriores.

19. Pelo interior, obtém-se o conhecimento da mente alheia.

20. Obtém-se um conhecimento direto, pelo interior dos objetos.

21. Praticando o domínio [SAMYAMA] sobre a forma do corpo, separa-se a luz dos olhos, e há suspensão de sua visibilidade para os outros.

22. Pode-se também fazer desaparecer os sons.

23. Praticando o domínio [SAMYAMA] sobre o KARMA ativo ou latente, vem o conhecimento da morte ou de seus presságios.

24. Sobre a amizade e das outras, obtém-se forças.

25. Sobre os fortes, a força de um elefante e outras.

26. Sobre a luz interna, o conhecimento do sutil, do oculto e do distante.

27. Praticando o domínio [SAMYAMA] sobre o Sol, o conhecimento dos mundos.
28. Sobre a Lua, o conhecimento das multidões de estrelas.

29. Sobre a estrela polar, o conhecimento de todos os seus movimentos.

30. Sobre a roda do umbigo [NABHI-CAKRA], o conhecimento do corpo.

31. Sobre a garganta, a cessação da fome e da sede.

32. Sobre o tubo da tartaruga [KÚRMA-NADI], a firmeza.

33. Sobre a luz da cabeça, a visão dos perfeitos [SIDDHA].

34. Sobre a inteligência, tudo.

35. Sobre o coração [HRDAYA], a compreensão da mente [CITTA].

36. Embora a Pessoa [PURUSA] e a luz [SATTVA] não se misturem, a experiência é o resultado de sua reunião, pois existe para o seu benefício. Do domínio [SAMYAMA] sobre si próprio vem o conhecimento de PURUSA.

37. Disso vêm uma inteligência, uma audição, um tato, uma visão, um olfato e um paladar superiores.

38. Esses poderes [SIDDHI] são prejudiciais à União [SAMADHI] em uma pessoa difusa.

39. Pode-se entrar no corpo de um outro quando há um afrouxamento das ligações e também o conhecimento da estrutura da mente [CITTA].

40. Pelo alento ascendente [UDANA] vem a libertação do contato com a água, da lama, dos espinhos e outros, e também o poder de levitação.

41. Pelo alento unificador [SAMANA], vem a proteção.

42. Praticando o domínio [SAMYAMA] sobre as ligações entre a audição e o éter [AKASA] vem a audição divina.

43. Praticando o domínio [SAYAMA] sobre as ligações entre o corpo e o espaço [AKASA], e pela identificação com a leveza do algodão, vem o poder de se mover pelo espaço.

44. A atividade [VRTTI] externa sem pensamento é a grande saída do corpo [MAHA-VIDEHA]. Por ela, afasta-se aquilo que recobre a luz.

45. Praticando o domínio [SAMYAMA] sobre os estados [da matéria], suas características, suas formas mais sutis, suas conexões e suas funções, vem o poder sobre os elementos.

46. Daí vem o poder de adquirir qualquer forma, grande ou pequena, e uma estrutura indestrutível.

47. A perfeição do corpo é: beleza, graciosidade, força e resistência como a de um diamante.

48. O controle dos órgãos vem pelo domínio [SAMYAMA] sobre suas funções, suas características, sua individualidade, suas conexões e finalidades.

49. Daí vêm a rapidez da mente, a faculdade de sentir sem órgãos, e o controle das substâncias.

50. Aquele que captou a diferença entre SATTVA e PURUSA, possui poder sobre todos os campos de existência, e um conhecimento de tudo.

51. Renunciando mesmo a isso, a semente da escravidão é destruída e vem a libertação.

52. Se surgir um convite de seres espirituais, evite o orgulhe e o apego, pois isso é uma conexão com o indesejável.

53. Do domínio [SAMYAMA] sobre os momentos e sua sequência vem o conhecimento discriminativo.
54. Daí provém a capacidade de distinguir entre duas coisas semelhantes, que não oferecem diferença de categoria, posição e características.

55. Esse conhecimento discriminativo liberta do tempo, do espaço, da sucessão.

56. Quando há igualdade de pureza entre SATTVA e PURUSA, há libertação.


ITI PATAÑJALI-VIRACITE YOGA-SÚTRE TRTIYO VIBHÚTI-PADAH




                                     IV – A LIBERTAÇÃO 




1. As perfeições [SIDDHI] são obtidas pelo nascimento, por plantas [OSADHI], por MANTRA, pelo ascetismo [TAPAS] e pelo SAMADHI.

2. A transformação em uma nova forma de vida é efetuada por um afluxo da natureza [PRAKRTI].

3. A causa instrumental [NIMITTA] não dirige a natureza, mas dela provém a seleção de possibilidades, como faz o cultivador no campo.

4. A produção da mente [CITTA] vem de sua individualidade [ASMITA].

5. Uma mente única [CITTA-EKA] produz a variedade de atividades.

6. Aquilo que se origina da meditação [DHYANA] não deixa traços.

7. O KARMA de um iogue não é nem branco nem negro [ASUKLA-AKRSNA]. O dos outros é de três tipos.

8. Daí surgem as manifestações produzidas pelas tendências [VASANA] acumuladas no passado.

9. Os resíduos [SAMSKARA], como a memória, não se apagam, mesmo quando bloqueados pelo nascimento, pelo lugar e pelo tempo.

10. Eles não possuem início, pois o desejo de viver é primordial.

11. Eles desaparecem quando se eliminam as relações entre causa e efeito, substância e fenômeno.

12. O passado e o futuro existem em suas formas próprias, pela distinção entre os caminhos dos deveres [DHARMA].
13. São manifestos ou sutis, e possuem a essência dos GUNAs.

14. Embora os princípios [TATTVA] sejam vários, há uma unidade na transformação.

15. Embora o objeto seja único, diferentes mentes o percebem de modos diversos.

16. Se um objeto dependesse apenas de uma mente e não fosse conhecido por ela, como ele poderia existir?

17. Um objeto pode ser conhecido ou desconhecido pela mente [CITTA], dependendo de ser colorida por ele.

18. As atividades da mente [CITTA-VRTTI] são conhecidas pelo seu Senhor, o PURUSA, que é imutável.

19. Ela não brilha por si mesma, porque tem a natureza do que é visto.

20. Ela não pode conhecer ao mesmo tempo a si mesma e a um outro.

21. Se a mente [CITTA] pudesse se contemplar, haveria uma consciência [BUDDHI] da consciência, e haveria uma confusão das lembranças.

22. Há uma consciência de si [SVA-BUDDHI] quando a mente [CITTA] não passa de um lugar para outro.

23. A mente [CITTA] reflete aquele que vê e aquilo que é visto, e atinge tudo.

24. Embora a mente [CITTA] tenha inúmeras tendências [VASANA], ela existe para o proveito de um outro ao qual está unida.

27. Nos seus intervalos, ainda aparecem outros conteúdos, devido aos resíduos [SAMSKARA].
28. A sua eliminação foi descrita com a das outras perturbações [KLESA].

29. Para aquele que discerne tudo e não é mais perturbado por nenhum interesse, resta o SAMADHI da nuvem do dever [DHARMA-MEGHA].

30. Para ele, as fontes de perturbação [KLESA] e o KARMA não agem mais.

31. Para aquele que se libertou de todas as impurezas e obstáculos, aquilo que pode ser conhecido se torna insignificante diante do conhecimento infinito.

32. E assim terminam as transformações dos GUNAs, que realizaram seu propósito.

33. Por fim, percebe-se as mudanças e a sucessão dos instantes em um momento.

34. Na libertação [KAIVALYA], os GUNAs retornam à sua origem, já não tendo mais utilidade para PURUSA. O poder da consciência [CITI-SAKTI] se estabelece na sua forma própria.

ITI PATAÑJALI-VIRACITE YOGA-SÚTRE CATURTHAH KA
IVALYA-PADAH

ITI PATAÑJALA YOGA-SÚTRANI