sexta-feira, 22 de maio de 2015

Palestra Radhanath Swami traduzida para o português

Amigos caríssimos,

Palavras muito belas, simples e verdadeiras de Radhanath Swami. Coloquei o link de uma palestra do TEDx Talks e como não tem legendas em português no próprio vídeo, fiz uma tradução, perdoe ele mesmo e vocês pelos erros e liberdades.




Estou muito honrado e grato por estar entre vocês hoje.
Quando descobrimos a mágica dentro de nós,
O milagre da vida, da graça,
Então nós naturalmente podemos ver essa mágica em todo lugar ao nosso redor.
Gostaria de compartilhar com vocês algumas das coisas que aconteceram em minha vida,
E que me ajudaram a chegar a esse entendimento.
Eu fui nascido e criado em Chicago, e passei minha adolescência nos anos sessenta
Foram tempos turbulentos,
Confusão e problemas,
Eu tinha tanto conflito,
Com o que parecia ser tanta hipocrisia ao meu redor,
Eu participei do movimento dos direitos civis,
Mergulhei funda na contracultura.
Levei gás de pimenta e sofri com os cassetetes dos policiais,
Durante a convenção democrática em 1968.
E essas eram as pessoas que me disseram estavam protegendo a minha liberdade,
Eu estava lá porque eu tinha dúvidas sobre a validade da guerra do Vietnam,
Onde meus amigos forram forçados a lutar e alguns foram mortos.
Quando eu tinha 19,
Eu comecei minha busca espiritual,
Eu deixei os EUA,
E vim para Londres.
Sem dinheiro fui para a Europa, Oriente médio e por último, fui para os Himalaias na índia.
Nos Himalaias eu morei em cavernas e florestas,
E frequentemente encontrava os Yogis.
Alguns deles demonstravam poderes sobrenaturais,
Que me impressionavam,
então algo aconteceu.
Eu estava sentado na floresta , sob uma gigantesca figueira,
E achei sob meu pé uma pequena semente.
Eu a segurei e em frente a árvore ,
E comecei a pensar que dentro dessa pequena semente,
Havia uma enorme figueira.
Eu olhei para o céu e vi uma nuvem,
E comecei a pensar que durante as chuvas de monções,
Uma única nuvem possui água suficiente ,
Para inundar um cidade inteira.
E mesmo assim aquela nuvem parecia para mim,
Flutuando levemente no céu.
Eu olhei para os pássaros no céu ,
E para os insetos que estavam sobre as árvores,
Então olhei para o meu próprio corpo,
E pensei que uma mãe e um pai juntos,
Uma pequena excreção do pai para a mãe,
E isso se desenvolve em um ser humano,
Com o potencial de desenvolver ciência e tecnologia,
De criar e construir impérios e civilizações.
Minha percepção naquele momento foi,
Comparado com a mágica
Que nós vemos a todo o momento em tudo que nos cerca,
Os poderes sobrenaturais desses Yogis são insignificantes.
A alguns anos atrás,
Eu estava andando com u m amigos em São Francisco,
Na floresta Muir que é perto de São Francisco.
É uma floresta de pau-brasil.
Nós fomos a um guarda florestal,
Ele estava explicando para alguns turistas,
O segredo daquela floresta.
Ele explicou que as sequoias e o pau-brasil são,
As maiores árvores do planeta.
Algumas têm centenas de anos ou até mil anos de idade.
Mas interessantemente, as suas raízes não são profundas.
Então ele disse que essas árvores,
Estiveram por séculos e séculos,
Resistindo a massivas tempestades de ventos,
Nevascas gélidas, terremotos devastadores,
E sem raízes profundas, como ficavam de pé?
Então o guarda florestal fez uma pausa,
Para explicar o mistério do subsolo da floresta.
E vindo dos anos sessenta,
Eu gosto de coisas “underground” (trocadilho com subsolo)
Então eu estava bem atento.
Ele disse que as raízes debaixo do solo,
Alcançavam a superfície,
Procurando as raízes de outras árvores de pau-Brasil.
E quando as raízes se encontram, elas se interligam,
Fazendo uma ligação permanente entre elas.
De forma que todas as árvores de toda a floresta,
Estão, direta ou indiretamente,
Dando apoio umas as outras.
Unidade é a sua força.
Elas se alcançam para cuidar umas das outras,
E mesmo uma muda nova,
Com suas pequenas, minúsculas raízes,
Tem o suporte das gigantes anciãs.
Na floresta Muir,
a natureza está dando a humanidade uma lição curcial:
de que  a força real está na nossa boa vontade em cuidar e dar suporte uns aos outros.
Nós somos cuidadores da propriedade divina.
Sabedoria é entender esse simples princípio universal.
Que dando nós recebemos.
Por ter coisas, nós ganhamos a vida,
Por dar, nós vivemos.
A evolução espiritual da sociedade,
Pode ser entendida,
Quando pessoas amam pessoas e usam coisas.
Mas muito frequentemente, nesse mundo,
É justo o oposto (o que ocorre),
Pessoas usam pessoas e amam coisas.
Eu descobri uma coisa,
Que realmente transformou a minha vida.
Uma simples verdade eterna:
Que todos os nossos desejos,
Com todos os seus anseios, recompensas e frustrações,
Partem de uma mesma origem: esquecimento do amor
Que é inerente aos nossos corações.
E nesse amor há o verdadeiro preenchimento (no sentido de completude)
Em 1971 eu aprendi essa lição,
De um improvável, mas inesquecível professor.
Eu estava apenas saindo da adolescência,
E decidi caminhar mais para o norte,
No deserto do Himalaia.
Eu estava sozinho,
Então, subitamente, eu vi uma cena que me horrorizou:
Havia pessoas, sem teto, famintas, algumas nuas,
Algumas em trapos,
E seus membros estavam mutilados e deformados.
Eu tinha parado em uma colônia de leprosos.
Quando me viram, um estrangeiro,
Pensaram que eu tivesse dinheiro.
Então, cerca de vinte desses leprosos fizeram um círculo ao meu redor,
Mas um círculo tão apertado que eu não podia me mover.
Eles ficavam gritando “bucksheesh, bucksheesh”, “me dá uma esmola”.
Uma parte minha ficava pensando “porque eles estão fazendo isso com esse estrangeiro?”
E outra parte de mim pensava “eles estão tão desamparados,
E tão completamente esquecidos pela sociedade,
Que eles tem o direito de fazer o que eles quiserem fazer”
Eu fui assediado por volta de vinte minutos,
E finalmente quando eles perceberam que eu não tinha nada para dar,
Eles me deixaram ir.
De forma que e caminhei por apenas alguns passos,
E vi, ao meu lado, a uma curta distância,
Uma velha mulher leprosa.
Ela estava envolta em trapos,
Seu nariz estava transformado em um buraco,
Na sua carne em decadência.
Nossos olhos se encontraram,
Ela olhou para mim com um sorriso triste,
Ela entendeu a minha angústia,
E naquele momento, ela transmitiu para mim,
Sem palavras, o terno amor de mãe.
Seu olhar disse que ela não querida nada de mim.
E sim que ela entendia o quão devastado eu estava,
Pelo encontro chocante com aquelas pessoas.
Então ela ergueu a sua mão sem dedos para me abençoar.
Movida pelo sentimento maternal,
Eu me aproximei dela e me pus de joelhos,
Então ela colocou a mão no topo da minha cabeça,
E sussurrou: “Que Deus te abençoe, meu filho”.
Eu olhei para ela, sua face estava brilhante de contentamento.
Ela estava linda.
Eu senti que Deus me mandou para ela,
Para ela fazer o que qualquer mãe,
Não importa se rica ou pobre, saudável ou doente,
Tem o direito de fazer:
Abençoar uma criança.
Eu chorei.
Mais tarde eu sentei em um banco do rio Ganges,
E pensei que aquela pobre mulher leprosa,
Que tinha tão apavorante doença,
Como o rio, abaixo da superfície,
Havia muito mais.
A mim me pareceu que o que ela realmente queria,
Era amar e ser amada.
Ela não estava amaldiçoando Deus por sua má sorte,
Em vez disso, ela distribuindo as bênçãos de Deus para outros, com grande alegria.
Essa experiência me fez pensar,
 Como é tão fácil para nós focarmos em nossas diferenças.
O que essa mulher leprosa me ensinou é que
Se olharmos no fundo do nosso ser,
Do mundo e dos outros,
Nós descobriremos que por trás das diferenças em nacionalidades,
Religião, gênero e aparência,
Em raça, saúde ou doença,
Há algo essencial que temos em comum:
As almas e a capacidade inerente de amar.
Como analogia,
Em cada coração, existe um cachorro bom e um cachorro mau.
O cachorro mal representa a tendência a ser mal, a ser egoísta,
E o cachorro bom representa nossa natureza divina.
As vezes, o cachorro mau uiva tão alto,
Que fica reverberando nas nossas mentes,
E quase não conseguimos ouvir
O choramingar do cachorro bom pedindo por nossa atenção.
Qual desses cachorros irá prevalecer?
Aquele que nós escolhermos alimentar,
a cada momento, pelas escolhas que fazemos.
Meu amado mestre, Sri Prabhupada,
Uma vez foi questionado por um repórter,
“Você é um Swami, você pode me mostrar alguma mágica?”
Então ele citou um verso
Que O Senhor Krishna falou do Bhagavad Gita,
Que explica que a verdadeira mágica da vida,
É a sabedoria de nossa própria Divindade.
Quando entendemos além da mente e do corpo mutáveis,
A força vital que possui a capacidade intrínseca de amar.
E quando nós percebemos,
Quando temos acesso a esse amor dentro de nós,
Nós podemos ver nossa harmonia com Deus,
Com a natureza e uns com os outros.
A verdadeira mágica da vida está na transformação.
Transformação da arrogância em humildade,
Ganância em generosidade,
Transformação de ódio em amor,
Tristeza em alegria.
Dizem que você pode entender o quão rico você é,
Contanto quantas coisas você tem que o dinheiro não pode comprar.
Completude interior,
Amar e ser amado.
Esse amor incondicional que é intrínseco a todos nós,
É o maior poder no universo.
É um poder que tem tamanha força,
Que nos motiva a realizar coisas,
De uma maneira que nós podemos realmente fazer coisas maravilhosas para nós,
Para nossas famílias e para o mundo.
Se nós estamos na política,
Nos negócios, na ciência, ou na agricultura,
Ou se somos pequenos Swamis,
Essa capacidade está dentro de todos nós.
Quando harmonizamos esse princípio nas nossas vidas,
Nós recebemos poder pela graça,
 para fazer mudanças extraordinárias
Em tudo que fazemos.
Muito obrigada a todos.

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